Diálogos MCD: aprendizados sobre a Doação Livre de Mackenzie Scott e novos caminhos para a filantropia brasileira
- culturadedoar
- 18 de ago.
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Por Movimento por uma Cultura de Doação – MCD, a partir de encontro realizado em 15 de agosto de 2025, com Cynthia Betti (Plan International Brasil) e Guilherme Sylos (IDIS).

Aprendizados sobre a Doação Livre de Mackenzie Scott e novos caminhos para a filantropia brasileira – com Cynthia Betti e Guilherme Sylos
Retomamos o “Diálogos MCD” na sexta-feira, 15 de agosto, e foi inspirador!
Com Cynthia Betti (Plan International Brasil) e Guilherme Sylos (IDIS) como anfitriões, conversamos sobre as experiências de receber uma doação de MacKenzie Scott e refletimos sobre o que esse modelo pode ensinar à filantropia no Brasil.
Começamos com um momento de conexão em pequenos grupos, que abriu espaço para um debate rico sobre processos de doação baseados em confiança, usos estratégicos dos recursos e como ampliar esse modelo no Brasil.
Partimos da experiência das 2 organizações, que foi expandida para a aprendizagem coletiva do grupo que foi criado com 17 organizações que receberam doação da filantropa americana desde 2021 no Brasil.
O processo: confiança no centro
Diferente do que estamos acostumados a experienciar - editais complexos e exigências excessivas - o processo de seleção foi uma “pesquisa silenciosa”: consultoras analisaram relatórios públicos, conversaram com as equipes e avaliaram governança, sustentabilidade e gestão, sem anunciar valores ou doador.
A doação praticada pela MacKenzie Scott é o que chamamos de “One Time Gift”, e chega sem amarras. Isso não significa que não vem carregada de responsabilidade para “fazer jus ao privilégio” de ter sido uma organização selecionada, muito pelo contrário.
Como o dinheiro ganhou vida
Cada organização encontrou seu caminho, e os seguintes pontos foram identificados:
Fortalecimento institucional: capacitação, comunicação, inovação, captação de recursos, novas contratações em posições chave, no caso da Plan.
Captação estratégica: matching e fundos patrimoniais para sustentabilidade de longo prazo, no caso do IDIS.
Programas e inovação: expansão e testes de novas iniciativas.
Fundos específicos: para mulheres, empreendedores, coletivos.
Participação: editais onde as próprias organizações participantes votam nos contemplados.
💡 Exemplo Plan International Brasil: criou um fundo de contingência, lançou uma chamada para meninas, coletivos e organizações pequenas. Em setembro, lançará, em parceria com o IACP, o projeto Bacuri que vai apoiar organizações de base comunitária no Maranhão e Piauí com formação, mentoria e recursos financeiros.
💡 Exemplo IDIS: reforçou seu fundo patrimonial com matching, atraindo doadores brasileiros e garantindo a perenidade do investimento.
Divulgar ou não divulgar a doação recebida?
Algumas organizações preferiram não tornar pública a doação, por receio de perder apoiadores ou pelo contexto político. A experiência também mostrou que a transparência pode atuar como chancela e até atrair novos financiadores.
Aprendizados e provocações
Validação e credibilidade: passar pelo crivo de MacKenzie Scott foi percebido como reconhecimento de atuação
Impacto no ecossistema: o recurso não é só para crescer individualmente, mas para fortalecer redes e territórios.
A provocação que ficou: por que a filantropia brasileira não adota um modelo similar a este?
Estudos já mostram os benefícios das doações flexíveis, mas ainda há pouca discussão a respeito.
Os aprendizados do grupo das 17 organizações foram transformados em um relatório que foi compartilhado em diversas instâncias.
“O grande desafio é fazer esta informação chegar nas pessoas tomadoras de decisão, filantropas e filantropos, de forma a buscarmos uma reflexão do que precisamos fazer para mudar a forma que estamos conduzindo a filantropia aqui no Brasil. Um diálogo urgente e necessário."
Próximos passos e desafios
Amplificar a voz: usar aprendizados e dados para inspirar mais doadores.
Inspirar pelo processo: mostrar que o valor não está só no dinheiro, mas na confiança e liberdade.
Trabalho de desenvolvimento institucional: fortalecer organizações para que estejam prontas quando oportunidades assim surgirem.
Sair da bolha: dialogar com filantropos e investidores que ainda não conhecem ou praticam esse modelo.
Expandir o debate: traduzir e compartilhar relatórios, realizar eventos direcionados e criar casos inspiradores.






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