Trazendo a periferia para conversa: como os territórios inspiram e fortalecem a Cultura de Doação no Brasil?
- culturadedoar
- 1 de out.
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Por Movimento por uma Cultura de Doação – MCD, a partir de encontro realizado em 10 de setembro de 2025, com Cléber Rodrigues (Associação Nossa Cidade) e Júlia Espeschit.

Cléber compartilhou a experiência do Fundo Regenerativo de Brumadinho, criado após o rompimento da barragem em 2019, mostrando como a mobilização rápida de recursos pode apoiar iniciativas comunitárias e o que acontece quando a atenção da sociedade diminui. Júlia trouxe os aprendizados da Virada Climática BH, um movimento que nasceu da articulação entre coletivos, poder público e sociedade civil, transformando poucos recursos financeiros em grande engajamento e impacto local.
Junto de outros integrantes da rede, conversamos sobre como territórios periféricos e iniciativas comunitárias podem inspirar e fortalecer a cultura de doação no Brasil.
Fundo Regenerativo de Brumadinho
Um crowdfunding arrecadou R$60 mil em poucas horas e, no total, mais de R$ 160 mil. A simplicidade do processo, a transparência e o protagonismo das pessoas do território foram fatores-chave para o sucesso. Cleber fez uma pesquisa dentro do Programa Saberes da Rede Comuá, muitas histórias de pessoas impactadas foram reveladas naquele momento. Hoje apenas 1.9% foi usado para pagar o institucional, pessoas e comunicação, todo o restante do dinheiro foi investido no projeto.
Virada Climática de Belo Horizonte Júlia, que veio de movimentos sociais e se descobriu como ativista ao entrar para o Engajamundo (organização de jovens), trouxe a ideia de realizar uma Virada Climática em Belo Horizonte. O foco foi mitigação, adaptação e resiliência, com apoio. daPrefeitura. Em determinado momento, o poder público disse que não havia mais recursos e as pessoas decidiram fazer por conta própria: nós por nós. A surpresa foi a quantidade de voluntários e organizações que participaram.
Com apenas R$ 3 mil, a primeira edição envolveu cerca de 3 mil pessoas e abriu espaço para um debate público sobre políticas climáticas. O evento seguiu acontecendo na cidade e o engajamento coletivo mostrou que o fator humano pode ser mais decisivo do que grandes aportes financeiros.
Cultura de doação além da emergência
Muitas vezes as doações se concentram em tragédias visíveis. O desafio é construir uma prática contínua e baseada em confiança, não apenas em situações de crise. Os fundos comunitários têm pessoas como doadores, com os mais diversos montantes. Experiências de quilombos, povos indígenas e iniciativas locais foram lembradas como modelos de generosidade e solidariedade, que cultivam formas de doação e apoio mútuo baseadas na confiança.
Cultura de doação e o cuidado
Cultura de doação já começa dentro da própria associação, porque temos vergonha de pedir? Vamos chamar as pessoas para participar do fundo? Vamos pedir para uma empresa e escrever para edital? Pedir para alguém que você conhece? Temos muita resistência de pedir.
Precisamos lembrar de equilibrar o cuidado coletivo com o cuidado pessoal e tratar o dinheiro não apenas como recurso material, mas como energia capaz de gerar abundância e transformação (Renato Orozco, da ANC, deixou como recomendação a leitura do livro A Alma do Dinheiro de Lynne Twist, para aprofundar esse olhar).
Para saber mais dos Fundos Comunitários e da Associação Nossa Cidade: https://www.nossacidade.net/pt
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